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Casamentaço LGBT celebra união de 40 casais

Casar-se é uma forma de celebrar o amor. Mas, em Belo Horizonte, uma cerimônia agendada para o último domingo 16, além de comemorar a união de 40 casais, foi um ato de posicionamento político e de defesa dos direitos da comunidade LGBT. O “casamentaço”, como foi batizada a iniciativa, foi realizado de forma colaborativa e voluntária. Entre os diversos presentes para os noivos e noivas, teve o show da cantora Fernanda Takai.

“É uma iniciativa colaborativa de vários amigos e um grupo de pessoas engajadas na causa LGBT na cidade. A iniciativa surgiu como um manifesto contra essa onda conservadora”, explica um dos integrantes do Coletivo Casamentaço, Filipe Costa, de 30 anos.

No mês passado, o Senado abriu uma consulta pública sobre um projeto que pretende sustar os efeitos da resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que dispõe sobre a habilitação, celebração de casamento civil, ou de conversão de união estável em casamento, entre pessoas de mesmo sexo.

“Diante disso, a gente entendeu que poderia ser um ato político de grande visibilidade para comunidade e para cidade”, diz.

Para colocar essa ideia em prática, o Coletivo Casamentaço tem trabalhado diariamente desde meados de novembro, quando foi aberta uma convocação de casais, que já oficializaram a união civil no cartório ou que tivessem intenção de protocolar o pedido até o fim do ano.

A aposentada Heloísa Maria Madureira Silva, de 55 anos, conta que ficou sabendo da iniciativa por meio de um amigo e, logo, inscreveu-se. Ela e a designer gráfico e tradutora Clô Paoliello, de 54 anos, estão juntas há 23. “Eu e a Clô, a gente já estava planejando para fazer o casamento no cartório. E aí veio o ‘casamentaço’ e foi uma bênção”, diz.

Heloísa conta que ela e a esposa já tinham um contrato de união estável desde 2006, quando ainda não havia possibilidade de casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, que só foi regulamentado há cinco anos.

“Depois de 2013, a gente foi deixando passar. Mas, com esses acontecimentos políticos, com esses revezes, com esse conservadorismo preconceituoso, a gente pensou: ‘a gente precisa se casar, não só para usar do direito que a gente tem, mas também para fazer um gesto político para essas pessoas que querem tirar nosso direito de igualdade”, afirma.

O casamento no cartório foi na última semana, e no domingo, a aposentada, que nem pensava em celebrar a união com festa, terá uma cerimônia, como manda o figurino – dos tempos atuais. A cerimônia será inter-religiosa e reunirá, por exemplo, um pastor, um representante das religiões de matrizes africanas e militantes da causa trans.

Depois da celebração, ninguém vai ficar parado. “Vamos todos ser felizes! Mais amor, mais esperança e visibilidade. Mais direitos. Meu presente não só para os casais, mas para a história da nossa cidade que hoje [quarta-feira (12)] completa 121 anos. Olhando pra frente, sem soltar a mão de ninguém!”, disse a cantora Fernanda Takai em suas redes sociais. Além dela, o bloco Juventude Bronzeada e os músicos Marcelo Veronez e Castello Branco participarão do “casamentaço” de forma voluntária.

Para fazer a festa acontecer, o coletivo também fez um chamamento para pessoas que pudessem colaborar na realização. Segundo Filipe Costa, foram cerca de 450 inscritos. Também foi aberta uma “vaquinha” online, em uma plataforma de financiamento coletivo. Até esta quinta-feira (13), cerca de R$ 17 mil haviam sido arrecadados.

O coletivo afirma, entretanto, que o dinheiro conseguido pela internet representa apenas uma pequena parte do valor total da festa para mil pessoas, orçada em cerca de R$ 500 mil. “É só um reforço para financiar o que gente não consegue custear na base do apoio”, diz Costa. Segundo ele, entre os apoiadores, estão, pelo menos 15 empresas, e, entre os serviços e produtos fornecidos por parcerias, shows, bebidas, iluminação e cenografia.

Prestes a mais uma vez a celebrar a união com a esposa, Heloísa afirma que elas estão muito envolvidas com a iniciativa. “A gente está muito feliz e achando que vai ser muito bonita a festa. É um gesto de amor político”, diz a aposentada.

Fonte: IBDFam



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